Atualizado em 10/06/20 - Escrito por Marcos Chaves na(s) categoria(s): OPT - Teoria das restrições / Planejamento e Controle da Produção / Produção / Programação da produção
Qualquer operação possui um determinado conjunto de etapas. Assim, qualquer processo produtivo possui um fluxo que necessariamente atravessará este conjunto de etapas. Se todas as etapas tiverem a mesma capacidade produtiva (forem capazes de processar, por exemplo, 10 peças por minuto em todas as etapas), não haveria um posto gargalo. O posto gargalo é aquele que possui menor capacidade de produção ao longo do fluxo do processo e, assim, determinará a capacidade total do sistema produtivo. Pode-se dizer, então, que, no máximo, o sistema produtivo irá produzir na velocidade do posto de menor capacidade, do posto gargalo. Por isso o nome da teoria, pois o gargalo é a restrição que limita a empresa de produzir e faturar mais.
O conceito de posto gargalo é de vital importância para o modelo de gestão sugerido pela teoria das restrições, que focaliza as atenções sobre este posto de trabalho, dado que ele determina a capacidade total do sistema produtivo. A ideia central é maximizar a operação no posto gargalo.
Uma vez que é o posto que limita ou restringe a capacidade produtiva, qualquer perda de tempo neste posto significará uma perda irrecuperável. Por outro lado, qualquer ganho de produtividade neste posto representará um aumento na produção da empresa como um todo. Para um maior detalhamento do assunto, consulte o livro “A meta”, de Goldratt e Cox.
Veja também: o que é PCP e como funciona o planejamento e controle da produção
É necessário explorar restrição ou limitação do sistema ao máximo. O passo seguinte é elevar a capacidade de produção do posto gargalo até que ele deixe de ser a restrição do sistema. Obviamente, uma vez que se tenha elevado suficientemente a capacidade neste posto, um novo posto gargalo irá surgir. A partir daí, inicia-se novamente o ciclo de exploração e ampliação da capacidade produtiva deste novo posto gargalo.
Os passos envolvidos na exploração das restrições do sistema, resumidamente, são:
1) Identificar as restrições: encontrar o posto gargalo e postos que tem a capacidade muito próxima da capacidade do posto gargalo, chamados de recursos de capacidade restritiva. Caso a sua indústria não tenha um software que apoie a identificação das restrições, uma dica é verificar qual o posto de trabalho ou equipamento com o maior investimento na sua indústria, pois provavelmente ele será o gargalo.
2) Explorar as restrições ao máximo: utilizar toda a capacidade do posto gargalo, impedindo que a operação seja paralisada neste posto. Por exemplo, caso o gargalo seja o equipamento que demandou o maior investimento, algumas medidas para aumentar sua utilização incluem ter funcionários em horário de refeição intercalados para que o operador de um recurso não gargalo possa trabalhar no gargalho no horário de almoço do operador principal; aplicação da manutenção preventiva fora dos horários de turno etc.
3) Subordinar os demais recursos: sequenciar todos os recursos a partir do posto gargalo. Vou mostrar mais detalhes de como fazer isso logo abaixo, na explicação do que são tambor, pulmão e corda. Resumidamente, para as etapas anteriores ao gargalo, estabeleça um controle puxado. Para as etapas posteriores, estabeleça um controle empurrado.
Assim, todas as etapas que alimentam o posto gargalo não podem falhar e, devem trabalhar no mínimo no ritmo do posto gargalo. Uma vez que a etapa “gargalo” tenha sido executada, os produtos devem ser levados o mais rapidamente possível para o estoque de produtos acabados e para o cliente. Para mais detalhes sobre o que são controle puxado e controle empurrado, recomendo a leitura do artigo 4 objetivos do PCP e as perguntas que eles ajudam a responder.
4) Aumentar a capacidade das restrições: conforme destacado, a capacidade total do sistema produtivo será determinada pelo recurso de menor capacidade. Assim, para aumentar a capacidade do sistema como um todo deve-se elevar a capacidade do posto gargalo. Ainda pensando no gargalo como sendo o recurso de maior investimento, para aumentar sua capacidade você pode, por exemplo, realizar horas extras ou criar um turno adicional para este equipamento. Caso o gargalo não seja o recurso de maior investimento, considere a possibilidade de investir na aquisição de outro equipamento para aumentar a capacidade do gargalo.
5) Quando o recurso restritivo mudar, voltar para o passo 1: na medida em que se eleva a capacidade do posto gargalo (passo 4), outro posto gargalo irá surgir, pois quando a capacidade do posto gargalo for elevada até ultrapassar o 2º recurso com menor capacidade, este passará a ser o posto gargalo. Neste momento, retoma-se o passo 1. Este é um processo de melhoria continua, que deve ser repetido até que a capacidade do sistema produtivo seja totalmente suficiente para atender a demanda do mercado.
Para implementar esta sistemática, principalmente o que diz respeito ao passo 4 acima, é fundamental dominar os conceitos de tambor, corda e pulmão.
Trata-se do posto gargalo. O nome tambor dá a ideia de ritmo. O conceito é que o ritmo de produção será determinado pelo posto gargalo. Dado que este é o posto de menor capacidade e que, por isto, deve trabalhar em período integral, o ritmo de todo o processo produtivo será determinado por este posto.
Para os postos de trabalho anteriores ao posto gargalo (a montante), trabalhar em ritmo mais intenso irá gerar apenas estoques intermediários desnecessários, dado que o posto gargalo não terá capacidade de processar os itens nesta mesma velocidade.
Por outro lado, para os postos de trabalho posteriores ao posto gargalo (a jusante), trabalhar em um ritmo menor que o gargalo significará reduzir a taxa de produção em relação ao posto gargalo e, consequentemente, reduzir a taxa de produção do sistema como um todo.
Um desabastecimento de material no posto gargalo irá gerar uma paralisação no posto gargalo gerando consequentemente uma redução da produção. Para evitar que isto ocorra, é admitido que o posto gargalo trabalhe com um nível de estoque intermediário para ser processado maior do que nos demais postos.
O custo a mais no estoque de materiais é admitido para haver um máximo aproveitamento do posto gargalo. A este estoque “extra” é dado o nome de pulmão. Ele é fundamental por dar a segurança do gargalo não parar caso haja um imprevisto nas etapas anteriores.
A corda é a maneira pela qual o tambor, definido acima como o posto gargalo, dita o ritmo da produção, conectando o pulmão, ou o estoque de abastecimento do posto gargalo, às operações anteriores no fluxo de operações.
Uma vez que o pulmão esteja desabastecido, as operações anteriores devem fabricar para reabastecer este estoque. Quando o estoque estiver preenchido, as operações anteriores são interrompidas, de forma que não haja produção em excesso, acima do que o posto gargalo seria capaz de processar. Portanto, a corda irá puxar a produção para abastecer o pulmão, no ritmo do tambor.
O engenheiro de produção Thiago Leão, autor de diversos posts do Blog Industrial escreveu um pouco sobre a teoria das restrições no post em que faz a seguinte pergunta: investir para aumentar a capacidade ou em gestão para melhorar a utilização da capacidade? Lá ele mostra um exemplo de um erro de investimento de uma indústria que investiu na compra de um equipamento que não aumentou a capacidade do posto gargalo.
Este post mescla alguns conceitos básicos e de fácil aplicação com outros de maior complexidade. É possível implementar melhorias pontuais que rapidamente trarão um impacto positivo no resultado da sua indústria. Essas melhorias devem servir de estímulo para que, gradualmente, gestão da produção seja aprimorada, ganhando eficiência e reduzindo desperdícios continuamente.
O Recurso que restringe o processo é chamado de Recurso Restritivo de Capacidade, ele pode ser o Gargalo ou não. Se a Capacidade esta toda tomada (24hs x 30 dias) então o RRC sera tb o Gargalo, mas se a ocupação estiver abaixo de 100% entao o Gargalo estara fora da empresa, ou seja em Vendas. Este entendimento é muito importante qto ao foco de melhoria no Resultado Global do negocio (ROI).
Caro Gilmar.
Considero precisas suas colocações. Talvez possamos dizer que explorando ao máximo as restrições e girando o ciclo de melhoria, em algum momento chega-se ao ponto em que a demanda do mercado é plenamente atendida, com a máxima performance do sistema produtivo, maximizando assim o Resultado Global – ROI.
Ao colocarmos como prioridade a manutenção do ROI, segundo a
TOC, o seu desdobramento para dentro da organização será uma poderosa
ferramenta de resultados. Vários CASES de sucesso mostram a efetividade desta
afirmação, e em função disto E. Goldratt em 2005/6 trouxe a Viable Vision que é
“Fazer do Faturamento de hoje o Lucro em até 4 anos”, com vários CASES também
no Brasil.