Atualizado em 4/07/24 - Escrito por João Pimenta na(s) categoria(s): Planejamento e Controle da Produção / Produção
MRP significa Material Requirements Planning (Planejamento das Necessidades de Material) e basicamente é o módulo ou sistema que calcula quantos materiais a sua indústria precisa ter para atender o plano de produção e as necessidades de seus clientes.
Isso significa, entre outras coisas, listar as matérias-primas e os semi-acabados, as quantidades de cada um, assim como outras informações, para que a produção não fique estagnada por falta de recursos. Ou então que a sua empresa acabe comprando mais materiais que precisa e assim tenha custos desnecessários com estoque.
Neste artigo você vai entender mais sobre o MRP, como ele funciona e como melhorar o planejamento de necessidades de materiais da sua fábrica. Confira:
A ideia central do conceito do MRP, ou seja, o que é MRP e como funciona o MRP, é conseguir calcular a necessidade de materiais em quantidade e em qual momento para um horizonte futuro pré-determinado, desde que se possua informações básicas da estrutura do produto (ou listas de materiais) e o lead time (tempo de fabricação ou compra) de cada um dos itens na estrutura desses produtos.
Podemos dividir o MRP em dois momentos principais. O cálculo do plano mestre de produção (ou MPS – Master Production Schedule) e a explosão de necessidade das matérias prima e produtos semi-acabados (para listas com ‘n’ níveis). O sistema de planejamento das necessidades de materiais exigem certos registos de dados para funcionamento, que seguem nos seguintes passos:
Nessa etapa temos como principal objetivo entender o que precisa ser produzido, olhando sempre pela ótica de fabricação de produtos acabados. Basicamente devemos responder as perguntas: “O que a demanda vai solicitar ou já solicitou?”, “Quando precisamos entregar?” e “Qual é a quantidade pedida?”. Repare que aqui estamos tratando de previsões e pedidos firmados. As principais entradas e saídas para essa etapa são:
Veja mais: utilize o Plano Mestre para saber o que, quanto e quando comprar
Nessa etapa o foco são os filhos dos produtos acabados citados anteriormente. O objetivo aqui é responder as mesmas perguntas anteriores, mas para as matérias primas e produtos semi-acabados. As saídas e entradas são:
Veja a seguir uma breve explicação de cada uma das entradas e saídas mencionadas.
O programa-mestre de produção (MPS) é considerado o coração do planejamento e controle da organização. No MPS encontramos as informações de quais, quantos e quando precisamos produzir os produtos acabados para atender nossa combinação da carteira de pedido com a previsão de vendas.
Antes de entrar no MPS precisamos entender as principais informações para geração do mesmo. Chamamos de ‘Gestão de demanda’ o gerenciamento da carteira de pedidos e previsão de vendas. Para a geração do MPS temos as principais entradas no conjunto de processos de gerenciamento da interface entre a empresa e o mercado que está atende. Essa gestão engloba:
A seguir podemos vislumbrar um exemplo de MPS em uma visão matricial. As colunas fazem referência ao período em analise, nesse caso o número de semanas contempladas no planejamento. As linhas exibem informações pertinentes ao registro de estoque no período, demanda oriunda da gestão (pedidos firmados e previsões) e, finalmente, o MPS que indica o que deve ser fabricado. Cada item deve possuir um registro de MPS único. A seguir algumas explicações sobre as colunas dessa tabela.
Para determinar as necessidades de matéria prima e produtos semi-acabados, o MRP utiliza a BOM (bill of materials – lista de materiais ou estrutura do produto) e o leadtime de fornecimento e produção dos componentes filhos da lista de materiais para determinar a necessidade de fabricação e compra de todos, com o objetivo de atender o MPS sem faltas ou sobras. O conceito do cálculo da necessidade de materiais é baseado na estrutura do produto. Conhecer todos os componentes de determinado produto permite calcular exatamente a quantidade necessária para fabricação ou compra.
Utiliza-se, normalmente, o jargão de itens “filhos” para diferenciar os componentes diretos de outros componentes. Estes que serão fabricados com seus filhos são normalmente chamados de itens “pais” de seus componentes diretos.
A lista de materiais deve representar, de forma clara e objetiva, quais itens e suas respectivas quantidades são necessárias para fabricação do produto acabado, sejam eles, produtos semi-acabados ou matérias primas. Veja na tabela 3 um exemplo de lista de materiais estruturada.
Diferentes formas da estrutura do produto – ao analisarmos uma lista de materiais devemos entender todas as etapas de produção para chegarmos ao produto final, também devemos entender como é o projeto do produto. As características do negócio também interferem na lista de materiais. Existem algumas formas de estruturas de produto típicas encontradas no mercado, exemplo: ‘A’, ‘T’, ‘V’ e ‘X’. Essa variação de formas é explicada de acordo com a dinâmica da quantidade de itens necessários em determinado nível da estrutura.
Para calcular a explosão da necessidade de matérias real (vamos chamar de explosão da necessidade líquida), precisamos antes calcular a explosão bruta de materiais. É aí que entra a estrutura da lista de materiais e os leadtimes de cada um dos itens conseguiremos responder 3 das 4 principais perguntas que a administração da produção devem responder [veja mais no post ‘A importância da administração da produção’. Para calcular o que precisa ser produzido e em qual quantidade, sem dúvidas, utilizamos a estrutura dos produtos que indicam uma relação direta do produto acabado e dos componentes fabricados e comprados. Com base nessa relação utilizamos o leadtime para entender e definir o fluxo de compras e vendas para garantir que a entrega dentro do prazo acordado, minimizando o estoque, reduzindo “surpresas” por falta de material, por exemplo, e garantindo, minimamente, um programa de produção que não necessariamente é factível.
Imagine que vamos precisar produzir, em determinado período, 15 ‘cadeiras 70000’. Com a lista de matérias podemos calcular, facilmente, a quantidade necessária de cada um dos seus itens. A tabela a seguir mostra esse exemplo.
Podemos chamar essa explosão de bruta já que não estamos considerando a necessidade real de fabricação de cada um dos itens. Essa quantidade real só pode ser realmente calculada após considerarmos os estoques, ordens de compra e ordens de produção pendentes, trataremos de como calcular a necessidade líquida e do que é necessário para esse cálculo mais a frente.
Digamos que nossos estoques estão zerados, tanto para matérias primas, quanto para produtos semi-acabados, e precisamos produzir 15 cadeiras. Já sabemos exatamente as quantidades necessárias para fabricação e compra de cada um dos itens, a próxima pergunta lógica para preparação das atividades é:
Para responder essa pergunta precisamos organizar a explosão das necessidades de materiais cronologicamente. Na tabela a seguir podemos ver a representação da explosão de necessidades pela lógica de programação para trás, ou seja, representamos o início da compra ou da produção de cada um dos itens para que eles estejam prontos exatamente no momento que são necessários.
Utilizando como referência a data de início organizamos o sequenciamento de todas as atividades necessárias para produção da cadeira que deve ser entregue dia 20. Consideramos todos os leadtimes de fabricação e a relação pai filho da lista de materiais para isso. Por exemplo, a estrutura giratória só deve ter sua produção iniciada depois que todos os seus filhos estejam prontos, essa mesma lógica deve ser utilizada para cadeira.
Essa estruturação nos permite ver, com clareza, o que precisa ser fabricado ou comprado, quando a ordem deve ser liberada para fabricação ou compra e sugestão de início e fim das atividades de ressuprimento.
Em uma situação ideal, receberíamos o pedido de 15 cadeiras para o dia 20 antes ou até o dia 11 e a partir desse dia lançaríamos todas as ordens de compra e de produção com foco em atender essa demanda. Isso não acontece a via de regra e, principalmente, quando trabalhamos com produtos padronizados. A acirrada concorrência força a diminuição dos prazos de entrega e para que isso seja possível é necessário planejar e antecipar a demanda. A qualidade da previsão de venda determinará o resultado da empresa. Ainda, existem muitos casos que verificamos o estoque de matérias primas, semi-acabados e até dos produtos acabados. Nesses casos o MRP precisa calcular a explosão de necessidades líquida que é o próximo assunto.
Sem o cálculo de quanto realmente precisa ser produzido não é possível entender quais realmente são as atividades pendentes para atendimento do nosso pedido para o dia 20 de 15 cadeiras. Por exemplo, imagine que, realmente, nosso estoque de acabados seja 0 por política da empresa, porém, essa mesma empresa, pode possuir a política de estocar produtos semi-acabados em comum para grande parte de seus produtos acabados. Na tabela a seguir podemos ver um exemplo de como o cálculo líquido da necessidade de compra e produção podem ser influenciados por ‘n’ fatores.
Após calcular as necessidades líquidas de fabricação e compra reais da sua fábrica podemos refinar o sequenciamento das operações e entender o que realmente precisa ser feito:
Pronto, agora é só colocar as ordens (de compra ou produção) na fábrica e seguir em frente!
Veja também: Saiba qual a diferença entre MRP e ERP em uma indústria
Neste artigo você descobriu todos os segredos do Planejamento de Necessidades Materiais (MRP). Para descobrir como torná-lo extremamente útil para a sua indústria, bastar conferir os demais artigos do Blog Industrial e assista uma demonstração do Nomus ERP Industrial para ver como você irá gerar o MRP para a sua empresa.
Ajudou demaaaais, muito grato pela matéria. É realmente difícil encontrar um bom artigo sobre a funcionalidade do MRP.
Muito bom o artigo, direto no ponto.
Dificil de colocar todas as variavies para um pleno funcionamento, depende muito do tipo do produto e a forma com que ele é produzido (interno/externo). Sem falar na organizacao da empresa hehe.
Luis.
TEM ALGUM MRP VOLTADO PARA CENTROS AUTOMOTIVOS – COMPRA DA FÁBRICA DIRETO PARA AS LOJAS ?