Atualizado em 27/06/24 - Escrito por Celso Monteiro na(s) categoria(s): Produção
Produzir sob encomenda e produção para estoque possuem diferenças que favorecem certos modelos de negócio e dificultam outros;
Conhecer as diferenças dos dois modos de produção permite o empresário entender qual o melhor para sua fábrica, podendo até mesmo adotar modelos híbridos;
Aprenda o que distingue os modelos, as vantagens e desvantagens, e descubra qual é o ideal para a sua empresa.
Pode parecer um pouco difícil aceitar a ideia de que muitas empresas ainda não conseguem definir o seu ambiente de produção, porém, não é algo pouco comum de acontecer, mesmo com toda informação e ferramentas disponíveis atualmente. Conforme muito bem identificado pelo Rômulo em seu artigo “Você sabe qual é o ambiente de produção da sua indústria” , possuímos basicamente quatro ambientes de produção:
A grosso modo, podemos resumir todos esses ambientes na seguinte pergunta: “Minha empresa produz sob encomenda ou para estoque ?”. Lógico que não pretendo aqui dizer que essa pergunta tenha apenas uma única resposta para cada fábrica. Temos vários casos em que uma mesma empresa produz uma determinada linha de produtos com ênfase em atendimento a estoque e outras linhas são disparadas a produção somente mediante pedido. Outra forma de facilmente identificar um ambiente “híbrido” de trabalho é dado na produção “Assembly to order”.
Nesse ambiente, a indústria adianta a fabricação das peças semiacabadas e somente dispara a montagem do produto acabado quando um pedido de venda é registrado. Se pensarmos separadamente nesses dois tipos de produto (semiacabados e acabados) temos, dentro da mesma empresa, duas formas de trabalho. O semiacabado tem seu ressuprimento sendo disparado contra estoque (para que esses itens estejam sempre disponíveis para serem consumidos nas ordens dos produtos acabados), porém, o produto acabado só é montado contra o pedido do cliente, utilizando os componentes que foram produzidos previamente.
Com o intuito de facilitar qualquer exemplo e explicação, darei uma “enxugada” no universo de opções para a análise, falarei neste artigo somente sobre “Produtos Acabados”. Por mais que algumas indústrias comercializem seus semiacabados, são os Produtos Acabados que representam quase a totalidade do faturamento das indústrias, portanto, devo levar isso em consideração no desenrolar do texto a seguir.
Muitas dessas empresas que não conseguem definir se produzem para estoque ou sob encomenda caem no pensamento: “Não produzo mais do que posso vender. Se produzo muito de um item que não tem saída, estou perdendo dinheiro. Logo, como minha produção é orientada ao atendimento da demanda, minha produção é sob encomenda”. Errado.
O fato de uma fábrica disparar sua produção contra a demanda , respeitando um plano de produção e previsão de venda, só quer dizer que você orienta sua produção para diferentes tipos de estoque com a quantidade próxima da demanda, evitando assim desperdício de material e, consequentemente, dinheiro. Já que produto em estoque é capital parado.
A fim de mostrar as diferenças entre cada orientação (sob encomenda ou atendimento ao estoque), colocarei algumas situações que podem ser facilmente analisadas em qualquer fábrica , sempre pontuando como se saem cada um dos dois.
Se seus produtos acabados não são padronizados e cada cliente tem uma necessidade diferente a ser atendida, obrigatoriamente sua fábrica precisa orientar a produção por pedido de venda. Desta forma, quanto maior for a exclusividade do item produzido, maior é a necessidade de estabelecer controles orientados pelo cliente e seus pedidos.
Para empresas que produzem itens com características padronizadas, geralmente a orientação ao estoque é a mais indicada. Por se tratar de produtos com características pré-estabelecidas pelo fabricante, o cliente não possui muito poder de alterar essas especificações e acaba sendo “forçado” a aceitá-lo da forma que lhe é fornecido. Não é uma obrigatoriedade, mas, em geral o volume de produção é bem alto em fábricas que possuem produtos padronizados e buscam atendimento ao estoque de seus itens de venda.
Para empresas que possuem médio ou longo prazo de entrega, geralmente suas produções são orientadas pelo pedido de venda. Isso ocorre pois o prazo de entrega de um produto, na maioria dos casos, é calculado a partir da complexidade que o fabricante terá para produzir aquele item exatamente nas características que o comprador exige . Logo, quanto mais detalhes e dificuldades o produto apresentar, maior será o prazo de entrega .
Se o seu cliente quer registrar um pedido hoje e ser atendido no dia seguinte, você dificilmente conseguirá fugir da orientação pelo atendimento ao estoque. Para que esse curtíssimo prazo seja atendido a sua empresa precisa se adiantar à demanda e disponibilizar os produtos acabados antes mesmo de ter pedidos de venda para eles.
Geralmente a possibilidade de prever a demanda de um produto é explicada pelo seu grau de customização (item 01 do post). Quando seus produtos acabados são totalmente diferentes para cada cliente, é impossível prever a sua demanda, já que cada projeto é único e sua fábrica não tem como adivinhar o que será pedido pelo comprador. Se o fabricante dificilmente consegue prever a venda de seus produtos, dificilmente sua produção não será orientada para os pedidos.
Quanto mais padronizados são seus produtos, mais dados históricos de venda você terá e mais fácil será calcular uma previsão de venda para eles. Com essa previsão identificada (seja por média móvel, média ponderada, suavização exponencial com ou sem sazonalidade) , a sua fábrica é capaz de se adiantar ao mercado e produzir os itens de venda para ressuprir o estoque, antes que estes tenham sido vendidos de fato.
Veja também: Planilha de controle de estoque eficiente [GRÁTIS]
Aqui não há uma unanimidade, porém, na teoria, as empresas que possuem menos caixa precisam evitar qualquer desperdício de dinheiro. Como a orientação pelo pedido de venda só dispara ordem de produção quando o item já está vendido, existe maior segurança na compra de insumos de uma empresa e alocação dos recursos produtivos. Caso sua fábrica esteja passando por um mau momento, talvez seja interessante adotar algumas medidas de contenção, uma delas seria orientar a fabricação para ser realizada somente após o pedido ter sido registrado.
Como havia mencionado, aqui não há uma unanimidade. Você também pode orientar sua produção para atendimento ao estoque, mesmo que tenha poucos recursos financeiros. Porém, toda a previsão de venda e seu planejamento de produção precisam ser muito bem feitos para evitar que tenha produtos acabados que não terão saída sejam produzidos e fiquem “encalhados”.
Como a orientação da produção pela venda naturalmente diminui estoques, tanto de produtos acabados quanto de seus insumos, as empresas que optam por essa solução tendem a necessitar de menos espaço para armazenar seus produtos. Não é uma regra mas, a produção sob encomenda pode ajudar empresas que precisam diminuir o seu espaço físico ou que já dispõem de pouco espaço e pretendem aproveitá-lo da melhor forma possível.
De forma geral, produções orientadas ao estoque demandam de maior espaço físico, se comparadas às indústrias que produzem sob encomenda apenas. Isso ocorre pois é preciso estocar mais insumos e mais Produtos Acabados, já que eles devem estar disponíveis antes mesmo de haver qualquer venda. Não é uma relação obrigatória, porém, na teoria, quanto maior for seu volume de produção e de vendas, maior deve ser o seu espaço físico para estoque.
Se seu cliente deseja acompanhar o seu pedido , remotamente, em cada etapa do processo, dificilmente sua fábrica conseguirá orientar a produção após a venda realizada. Neste caso, tanto produtos com alto grau de customização quanto produtos padronizados podem ser monitorados pelo cliente, caso ele requeira tal controle. Em sistemas de gestão Industrial como o Nomus PCP, através de um relatório de Localização de pedido, o cliente poderá facilmente obter as informações que necessita em tempo real.
Caso os clientes não tenham tal necessidade, a orientação da produção pelo atendimento estoque é muito bem aceita, já que nesse modelo o produto é produzido antes de ser vendido.
Não existe resposta pronta, mas existe um caminho para chegar nela. Essa decisão vem depois de conhecer as diferenças entre eles, que veremos mais à frente, e também os quatro tipos de demanda e ambientes de produção.
Dessa forma, você consegue organizar a sua fábrica de forma que sua esteira atenda às expectativas do mercado – e das suas estratégias de vendas.
São eles:
Se trata do modo de produção em que se estoca mercadorias prontas que ficarão disponíveis para a venda. É o caso das empresas de pronta-entrega e funciona melhor quando se tem previsibilidade de vendas, para não produzir a mais nem a menos.
Nesse modelo, a empresa deixará seu estoque de matéria-prima em prontidão, mas não vai produzir até de fato receber pedidos. Por exemplo, uma fábrica de varas de ferro desse modelo sempre terá o metal à não.
Aí, quando chegar um pedido, bastará ligar a trefiladora para produzir as peças. O desafio aqui é o armazenamento do material.
Nesse caso, estamos falando de um processo de produtos pré-fabricados. A indústria comprará matérias-primas e fabricará peças mesmo sem ter qualquer pedido. No entanto, a montagem das mercadorias será feita apenas sob encomenda.
É uma boa ideia para produtos personalizados e que enfrenta um desafio principal: organizar a produção e os estoques de peças e produtos intermediários em busca de um equilíbrio.
Nesse modelo de produção, todas as etapas dependem exclusivamente dos pedidos dos clientes. Nem a compra de matéria-prima é feita enquanto não tiver negociação de vendas.
Os obstáculos desse modelo são o cumprimento de prazos de entrega e o gerenciamento da relação com fornecedores esporádicos. Por exemplo, imagine que a empresa utiliza o prazo e a qualidade de fornecimento da última compra para fazer as promessas de quantidade, qualidade e data de entrega para seu cliente.
No entanto, nesse caso hipotético, houve mudanças no gerenciamento interno da empresa fornecedora – resultando em atrasos e matéria-prima de qualidade inferior. As consequências ficam com a indústria que prometeu a mercadoria.
Todas as modalidades de produção dependem de uma gestão eficiente de estoque. É desta forma que você garante que as compras de insumos de produção e a velocidade de produção estejam de acordo com as suas necessidades, entregas, capacidade de armazenamento, etc. Além disso, evita o desperdício de dinheiro com compras além do necessário.
Você pode aprender a como melhorar seus resultados simplesmente avançando nos seus estudos de gestão de estoque. E isso pode ser obtido de forma totalmente gratuita através do Minicurso Gratuito de Controle Essencial de Produção e Estoque ministrado pelo Engenheiro Thiago Leão.
Assista agora:
Este artigo não tem pretensão de dizer qual dos dois é o melhor ou qual deles é o mais apropriado para a sua empresa. Existem outros fatores que podem ser considerados e que neste artigo não foram citados. Somente uma análise mais detalhada lhe concederá mais certeza de qual ambiente de produção assumir.
Sendo assim, o ideal ainda é procurar ajuda de especialistas, como os especialistas da Nomus, que poderão auxiliar o seu caso específico e assim montar o melhor plano de produção para sua indústria.
muito boa essa pesquisa,me ajudou muito em um trabalho.
Há muitos mais diferenças extremamente importantes entre os segmentos de produção SERIADA e SOB ENCOMENDA, inclusive que intereferem muito mais na baixa produtividade do segmento sob encomenda, e que não estão considerados aí acima
Não entendi, isso é curso de inglês ou de comércio, mania americanizar tudo, você ainda é escravo dos estudos Unidos ou da Inglaterra por acaso?