Atualizado em 15/08/24 - Escrito por Pedro Parreiras na(s) categoria(s): Custos e Finanças / Gestão de custos / Gestão de estoques e compras / Gestão do chão de fábrica (MES) / Logística / Marketing e vendas / Planejamento e Controle da Produção / Precificação / Precificação / Produção
Todo profissional que é responsável por gerir a produção industrial enfrenta diariamente diversos desafios para conseguir garantir a qualidade, cumprir prazos, otimizar mão de obra e desempenho de máquinas, enquanto calcula o preço dos produtos e controla o estoque, a fim de obter maiores margens de lucro para sua empresa.
Seja você um diretor industrial de uma empresa em crescimento, ou dono de uma micro indústria, muito provavelmente já encontrou, ou ainda vai se deparar com os 6 grandes desafios a serem superados para sua indústria atingir o sucesso, que apresentarei a seguir. Para não falar somente de dificuldades, também sugiro algumas dicas de como enfrentá-los.
Claro que cada indústria tem suas particularidades, relacionadas ao seu ambiente de produção. Porém, é justamente isso que dá cor a esses desafios, tornando-os ainda mais … desafiadores! Vamos conferir a lista:
Uma das principais dificuldades dos gestores é conseguir planejar a compra de materiais no momento certo e nas quantidades certas, para assim fabricar seus produtos também no momento e nas quantidades que a demanda exige. Sem conseguir resolver este problema, a indústria acaba tendo que lidar com dois problemas clássicos: excesso ou falta de materiais no estoque.
É fácil perceber intuitivamente que o primeiro problema leva a um aumento nos custos do estoque, pois quanto mais materiais, mais espaço necessário para armazenagem, mais capital de giro empregado (ou empatado), maior o risco de perdas por perecibilidade, obsolescência, incidentes no transporte etc. Por outro lado, o segundo problema traz consigo um custo que é mais difícil de ser medido, mas que é facilmente percebido: sem o material em estoque não é possível produzir ou vender. Com isso, máquinas podem parar, vendas podem ser perdidas, clientes podem ficar insatisfeitos, a concorrência ganha espaço, etc.
Portanto, através de ferramentas adequadas o executivo ou o empresário deve buscar o equilíbrio na gestão de estoques: a partir do conhecimento da demanda de seus clientes, das quantidades de cada item em estoque, da composição de seus produtos, dos tempos de fornecimento dos materiais e dos tempos de fabricação é possível determinar quanto e quando comprar e/ou produzir.
Esse outro desafio depende, em primeiro lugar, de conhecer o custo dos seus produtos de uma maneira estruturada, ou seja, considerando custos de materiais, mão de obra direta, custos indiretos de fabricação, custos de venda e despesas administrativas e comerciais. Sem isso fica muito difícil, para não dizer impossível, calcular um preço de venda preciso, sujeitando sua empresa a perder negócios que seriam lucrativos ou, até mesmo, aceitando pedidos que podem ser proibitivos.
O primeiro problema citado, decorrente de não conhecer os custos com precisão, leva muitas indústrias a perderem negócios lucrativos por acreditarem que o preço determinado pelo mercado não é suficiente para cobrir seus custos. Com isso, para não terem prejuízos, deixam de produzir e vender produtos que poderiam ajudar a tornar seu negócio lucrativo. A outra situação indesejada é justamente o lado oposto desta moeda: sem saber os custos, a empresa produz e vende itens que trazem prejuízos.
Para conhecer os custos, o primeiro passo é organizar um cadastro de produtos com conceitos de engenharia: cada produto fabricado deve ter uma lista de materiais e um roteiro de produção, prevendo todas as etapas do processo de produção e incluindo recursos como máquinas e mão de obra e seus respectivos tempos de utilização. O segundo passo é saber os custos dos materiais e dos demais recursos envolvidos na produção e com isso alocá-los aos produtos. Por exemplo, se uma determinada mão de obra custa R$ 10/hora e um produto consome 30 minutos desta mão de obra, devemos alocar R$ 5 ao custo deste produto. E assim por diante.
Existem algumas técnicas para essa gestão de custos, como a contabilidade de custos tradicional, o custeio baseado em atividades, contabilidade de ganhos, leanaccounting etc. Vale muito a pena se aprofundar nesses temas e encontrar o caminho mais adequando para a realidade da sua indústria. Caso você não tenha muita aptidão nesta seara, recomendo chamar especialistas. Uma dica é fazer contato com o balcão Sebrae mais próximo e verificar os cursos oferecidos por lá. (Caso o curso for ser feito por um funcionário da empresa, é importante verificar se é possível gerar um certificado de conclusão de curso)
Com um apontamento de chão de fábrica ineficiente, sua indústria tem uma grande dificuldade para otimizar a mão de obra dos funcionários e também a produtividade das suas máquinas. Além disso, é muito complicado acompanhar o estágio de uma ordem de produção específica para manter seus clientes informados sobre seus pedidos.
A partir do momento em que todas as estações de trabalho de sua indústria informarem para um sistema em tempo real o que está ocorrendo, você vai ter informações preciosíssimas nas mãos.
Por exemplo, vai descobrir que duas pessoas operando a mesma máquina consomem diferentes tempos para processar o mesmo produto – com isso, você poderá aprender o que o operador mais eficiente faz de diferente e transmitir isso para o outro. Além disso, apontando atividades indesejadas como esperas e paradas de máquinas, você poderá descobrir as causas mais recorrentes de ineficiência e pensar em soluções para reduzir suas respectivas incidências.
Outra aplicação fantástica do controle do chão de fábrica através de apontamentos da produção em um sistema digital em tempo real é o acompanhamento da execução das ordens de produção.
Com isso é possível saber quais as etapas já foram cumpridas, se o tempo de processamento foi maior ou menor do que o planejado, o que falta ser realizado, entre diversas outras informações. Os vendedores ou consultores da sua equipe comercial não precisarão mais descer no chão de fábrica para obter essas informações que muitas vezes são cobradas pelos clientes.
Para superar este desafio, primeiramente é necessário pesquisar no mercado os fornecedores de software de gestão que podem atender às suas expectativas. A solução escolhida deverá ser adequada ao seu orçamento e deverá ter funcionalidades que supram as suas demandas, como, por exemplo, a facilidade de uso pelos operadores de máquinas e a possibilidade de criação de relatórios customizados com painéis de indicadores chave de desempenho.
Como exemplo de fornecedor de solução, é claro que eu posso citar a Nomus. O módulo de chão de fábrica, também conhecido como shop floor control (SFC) do Nomus ERP Industrial é o meu xodó, pois foi a partir deste módulo que o Nomus PCP nasceu há mais de 10 anos e foi concebido para ser acessível para indústrias de todos os portes e segmentos, não só em termos econômicos mas também pela facilidade do uso.
O gerente industrial de um nos nossos primeiros clientes teve a seguinte sacada durante o desenvolvimento inicial do software: “Pedro, preciso de um software de fácil uso, pois quem fará os apontamentos em tela touch screen serão operadores com mais de 30 anos de empresa. Esses homens não estão habituados a usar computador, mas recebem seus pagamentos através de depósito bancário e precisam usar o caixa eletrônico para fazer saques. Ou seja, quero que sua interface seja tão simples quanto a de um caixa eletrônico.”. Além disso, o Nomus ERP Industrial permite que a sua indústria tenha painéis com gráficos e tabelas de indicadores de desempenho com a cara do seu negócio, totalmente personalizados.
Conseguir cumprir prazos acordados com clientes é uma grande dificuldade para os gestores industriais. Caso ocorra um atraso, o resultado é péssimo, pois diminui a confiabilidade da indústria e acaba gerando um desconforto que poderia ser evitado com o uso de prazos precisos e realistas. O problema é que sem um PPCP adequado, esta previsão se torna uma missão quase impossível.
Para prometer e cumprir prazos de entrega, a sigla PCP para planejamento e controle da produção precisa incorporar um outro P, e se transformar em PPCP, para planejamento, programação e controle da produção. A programação fina, considerando a capacidade finita dos recursos de produção é componente essencial para tornar esta missão viável.
Entretanto, devido à enorme quantidade de combinações de variáveis envolvidas na programação da produção de uma indústria, na prática torna-se inviável prometer e cumprir prazos de entrega sem o apoio computacional. Você pode recorrer a planilhas avançadas, mas o ideal é buscar no mercado um software especializado.
O que significa capacidade finita dos recursos de produção? Significa basicamente que uma determinada máquina só pode processar simultaneamente o que estiver dentro de sua capacidade física. Como exemplos, posso citar que em uma usinagem, um torno processa uma peça de cada vez; já em uma panificação um forno processa uma quantidade limitada de pães, mesmo que de diferentes tipos em uma fornada.
Sistemas de carga máquina que não consideram a capacidade finita podem programar a execução de operações de ordens de produção distintas para um mesmo horário. Por exemplo, agendar 3 operações para o torno de código TCNC01 para as 7:00 do dia 8 de abril de 2015 – isto simplesmente não é fisicamente possível: 3 peças não podem ser processadas simultaneamente neste tipo de máquina. Com isso, acaba não sendo viável prever prazos de entrega.
Já os sistemas de programação que consideram capacidade finita, como os FCS (finite capacity scheduling) ou os APS (advanced planning and scheduling) definem um calendário para cada recurso e sua capacidade física. Além disso, as operações de uma ordem de produção têm uma relação de precedência e também são definidas regras de prioridade. Com isso, voltando ao exemplo do torno, apenas uma operação seria programada para um mesmo determinado horário caso sua operação precedente já tivesse sido concluída.
A propósito, estou participando de uma discussão em um grupo de PPCP, no Linkedin, sobre a escolha de ferramentas APS. Caso você tenha interesse em conhecer algumas opções no mercado, recomendo a leitura, pois lá você encontrará as opiniões de outras pessoas com muita experiência nesta área. Além disso, recomendo que você conheça o módulo de programação fina do Nomus PCP, uma opção que atende aos requisitos essenciais de uma indústria, um investimento muito provavelmente acessível ao seu bolso.
Veja também: ERP para fábrica de pães: caso de sucesso e o fermento
Seus clientes estão cada vez mais exigentes com a qualidade dos produtos? Provavelmente sim, pois cada vez há menos espaço no mercado para produtos com baixa qualidade. Para se manter competitiva, sua empresa deve buscar o nível de excelência na qualidade de seus produtos.
Mas qual é o segredo para se produzir produtos com excelente qualidade?
Eu tenho convicção de que produtos com excelente qualidade não são obra do acaso, mas sim o resultado direto da busca constante pela excelência através da gestão da qualidade, o que pode ser feito implementando o método SDCA.
O método SDCA (Standardize, Do, Check, Act, ou em português Padronize, Faça, Verifique e Aja) visa manter padrões estabelecidos, incluindo os relacionados à qualidade dos produtos. Para sua implementação é importante seguir os seguintes passos:
Padronizar – defina as especificações de qualidade de produtos, ou seja, defina as características que os produtos precisam ter para que seus fiquem satisfeitos e que atendam também os órgãos reguladores, como Inmetro, ANVISA etc.
Em seguida, crie roteiros de produção, fichas de inspeção e procedimentos operacionais padrão (POP’s), que apoiem o atendimento das especificações de qualidade. Por exemplo, em uma indústria farmacêutica é definido um POP para limpar um misturador após cada batelada, de modo que os resíduos de um lote não contaminem o próximo lote, mesmo que o produto seja o mesmo;
Fazer – Cumpra os procedimentos operacionais criados. Apesar de aparentemente ser a parte mais fácil, aqui são encontrados enormes desafios, como, por exemplo, convencer sua equipe da importância de respeitar os padrões. O estabelecimento de metas pelo cumprimento dos padrões de qualidade associadas a recompensas financeiras é um bom caminho para levar a essa alteração da cultura de seus colaboradores;
Checar – Nesta etapa é fundamental criar registros relacionados ao “fazer”. Nos casos das fichas de inspeção, idealmente as medições devem ser registradas em um sistema informatizado ou, caso ele não esteja disponível, em uma planilha eletrônica. Nos casos de POPs, em geral eles são acompanhados de anexos com check lists que devem ser preenchidos de acordo com determinada frequência, por exemplo, todo dia pela manhã ou a cada lote de produção.
A recomendação de fazer os registros em um sistema informatizado ou em planilhas tem o objetivo de permitir que o passo seguinte seja viável. Caso você faça a checagem usando os bons e velhos papel e caneta, dificilmente conseguirá extrair estatísticas preciosas para aprender com seus erros e não repeti-los;
Agir – Aqui está a chave para superar o desafio: a partir dos aprendizados gerados, não repetir os erros e garantir a qualidade dos produtos e processos. Isto significa que o primeiro procedimento que a sua empresa realizar muito provavelmente conterá falhas, pois é impossível prever todas as situações. Portanto, um componente fundamental deste passo é alterar os procedimentos e eventualmente até mesmo os padrões definidos inicialmente de modo a permitir que apenas erros novos ocorram.
Por exemplo, o registro e a análise da causa raiz de não conformidades é uma ótima oportunidade de melhoria do processo da empresa. Caso você venha a investir em um software para a gestão da qualidade, procure um como o Nomus Qualidade, que permite registrar e analisar não conformidades, formular ações de melhoria para reduzir não conformidades e monitorar a implantação efetiva dessas ações de melhoria.
Cheguei finalmente ao sexto grande desafio e continuo a falar sobre qualidade, pois garantir a qualidade dos produtos que você fabrica sem saber de onde eles vieram realmente pode lhe deixar em apuros. Muitas indústrias são submetidas a regras fiscalizadas por órgãos reguladores que impõem um controle rígido da rastreabilidade dos produtos. Normalmente são indústrias que fabricam produtos que podem causar riscos à vida ou à saúde das pessoas, caso estejam com não conformidades.
Mesmo que a sua indústria não seja submetida a essas regras, para atender um mercado cada vez mais exigente eu considero fundamental você poder responder de onde vieram seus produtos. Por quê? Bom, imagine que você utilizou determinada matéria prima de um lote defeituoso ou estragado na fabricação de diversos produtos e alguns clientes reclamaram do produto que adquiriram.
Agora, imagine que você consegue identificar que todos os produtos alvo das reclamações utilizaram uma determinada matéria prima não conforme. Como saber quais outros produtos utilizaram essa mesma matéria prima? Com essa informação, é fácil entrar em contato com os clientes e informar que os produtos defeituosos precisam ser devolvidos. Mas como ter essa informação?
Neste momento, você já deve estar pensando em processos de recall, comuns das montadoras de veículos. Se tiver pensado nisso, ponto positivo para você. Se tiver pensado que apenas grandes empresas podem implementar controles de rastreabilidade, ponto negativo para você.
Realmente, esse desafio pode ser cumprido por empresas de pequeno porte, preferencialmente se utilizarem um bom software de PCP. Desde a entrada dos materiais no estoque até o faturamento, você precisa saber todos os lotes utilizados no processo de produção.
O primeiro passo é organizar seu almoxarifado de matérias primas, de modo que seja possível identificar os lotes dos seus fornecedores. Se você comprou a matéria prima A do fornecedor B com os lotes 1234 e 4321, elas precisam ser armazenas separadamente e com as respectivas identificações de lote. Por exemplo, você pode colar em uma caixa a etiqueta MP A FB L1234 e na outra caixa a etiqueta MP A FB L4321.
O próximo passo é registrar na ordem de produção quais são os lotes de cada material utilizado e, de preferência, não utilizar dois lotes da mesma matéria prima. Com isso, você vai saber ao final da produção os lotes de todas as matérias primas utilizadas em determinada ordem de produção.
O passo final é criar um lote para seus produtos e informar esse lote na embalagem, na nota fiscal e em todos os lugares em que for possível ou exigido. No exemplo dos carros, o controle do produto acabado é por número de série, o que significa que cada lote de produto acabado tem apenas um produto. Esse número fica gravado nos chassis do veículo, no documento, na nota fiscal, nos vidros, no motor etc. Se for possível, guarde uma amostra de cada lote de produto acabado feito pela sua empresa.
Com isso, se o seu cliente reclamar, primeiro você vai agradecê-lo por estar falando contigo antes de gritar para o mundo que seu produto está com problemas – eu sempre valorizo os clientes que reclamam e caso ele tenha razão, procuro dar alguma recompensa para ele. Na imensa maioria dos casos, o cliente tem realmente a razão.
Depois, você vai perguntar para ele qual é o lote do seu produto. Em seguida, se possível, recorra à amostra que guardou deste lote ou colete o produto defeituoso com o cliente. Com o produto defeituoso em mãos, descubra a causa raiz do defeito e caso seja alguma matéria prima não conforme, faça um recall com todos os clientes que compraram produtos que utilizaram este lote desta matéria prima.
Caso você não tivesse o controle de rastreabilidade, teria que coletar todos os produtos que utilizaram a matéria prima com problemas, independentemente do lote. Portanto, vale muito a pena investir nestes controles de rastreabilidade. Como mencionei acima, um bom software de PCP torna esta missão muito mais fácil. Aproveito novamente para fazer o convite para você visitar a página do Nomus ERP Industrial e conhecer melhor nossa solução.
Se a reposta for positiva, ótimo, pois o primeiro passo para você melhorar a gestão da sua indústria é reconhecer que há desafios a serem superados e neles tremendas oportunidades de melhoria. Se você não encontra nenhum desafio a ser superado, provavelmente não há nada a ser melhorado na sua indústria, o que eu acho pouco provável, com o perdão do trocadilho.
Agora que você tem uma análise completa dos 6 grandes desafios na gestão da produção a serem superados para a sua indústria atingir o sucesso, minha recomendação é que você faça uma reflexão profunda com a sua equipe sobre qual deles deve ser superado em primeiro lugar. Em geral, sugiro que o desafio que pode ser superado mais rapidamente ou com o menor investimento ou que traga mais impacto positivo seja o primeiro.
É importante definir esta prioridade e por onde começar para que você tenha êxito e parta para superar o próximo, o próximo, até chegar no sexto desafio. Comece a se preparar, a hora é agora.
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