Atualizado em 7/07/21 - Escrito por Celso Monteiro na(s) categoria(s): Bloco K / Engenharia de produto / Produção
Em vários projetos nos deparamos com dúvidas sobre a estrutura da lista de materiais dos produtos fabricados pela indústria. Os questionamentos mais comuns são a respeito da organização da estrutura da lista entre o produto acabado e suas matérias primas, já que muitas empresas não sabem se possuem produtos em processo ou semiacabados em sua estrutura ou se precisam cadastrá-los no sistema.
Conforme alertado pelo Thiago Leão, a exigência do Bloco K está chegando e você precisa entender o que é e para que serve. No artigo de hoje, vamos verificar se a sua indústria tem a necessidade ou não de cadastrar produtos semiacabados para facilitar seus controles e consequentemente facilitar a entrega do Bloco K com mais precisão.
Com relação ao Bloco K, a mais complexa obrigatoriedade fiscal para as indústrias que entrará em vigor a partir de janeiro de 2017, 2018 ou 2019, dependendo da sua indústria, não existe qualquer obrigatoriedade da empresa em apresentar produtos em processo ou semiacabados no registro da composição específica do item. Entretanto, conforme o artigo em que fala dos 11 processos para entregar o Bloco K, o semiacabado em geral é produzido e armazenado para atender o cliente mais rapidamente ou para organizar melhor a produção e os estoques.
De fato, a partir do Bloco K, estamos nos adaptando à nomenclatura do tipo de produto especificada no registro 0200 do SPED Fiscal, que é o cadastro de produtos e determina 12 tipos de produto que podem ser utilizados. Neste registro, o que costumávamos chamar de produto semiacabado é definido como produto em processo, com a seguinte definição: produto oriundo do processo produtivo; e, preponderantemente, consumido no processo produtivo. Por se tratarem de sinônimos, quando você ler neste artigo produto semiacabado, pode considerar produto em processo e vice-versa.
Apesar de não haver a obrigatoriedade do cadastro dos semiacabados para atender o Bloco K, todas as matérias primas consumidas pelos semiacabados precisam de alguma forma estar relacionadas ao produto acabada. Para ilustrar as duas possibilidades, nada melhor do que um exemplo de um produto acabado com 2 possíveis listas de materiais, uma considerando os semiacabados e a outra não considerando os semiacabados na composição padrão:
Produto | Qtd | UM | |||
– | Caneta | 1 | UND | ||
– | Tampa | 1 | UND | ||
– | Polímero A | 0,005 | KG | ||
– | Corante azul | 0,000001 | KG | ||
– | Corpo | 1 | UND | ||
– | Acrílico | 0,01 | KG | ||
– | Carga | 1 | UND | ||
– | Polímero B | 0,01 | KG | ||
– | Tinta Azul | 0,01 | L | ||
– | Esfera de metal | 1 | UND | ||
– | Bico | 1 | UND |
Produto | Qtd | UM | ||
– | Caneta | 1 | UND | |
– | Polímero A | 0,005 | KG | |
– | Corante azul | 0,000001 | KG | |
– | Acrílico | 0,01 | KG | |
– | Polímero B | 0,01 | KG | |
– | Tinta Azul | 0,01 | L | |
– | Esfera de metal | 1 | UND | |
– | Bico | 1 | UND |
Perceba que em ambas as listas as quantidades de matérias primas é a mesma. O fato de uma das listas possuir os semiacabados em um nível intermediário entre o produto acabado e as matérias primas já mostra intuitivamente que com eles é mais fácil organizar a produção e os estoques. Se por um lado você não precisa necessariamente do semiacabado para informar no registro 0210 do SPED o consumo específico padrão do produto acabado, se o semiacabado existir na sua indústria, certamente o seu cadastro vai ajudar você a ter um melhor controle de estoque e consequentemente uma maior facilidade na entrega do Bloco K, já que o registro K200 é o estoque escriturado.
Motivado pela necessidade de esclarecer um assunto tão importante, que é a lista de materiais, proponho 7 perguntas para que qualquer indústria de manufatura possa identificar a necessidade (ou não) de cadastrar seus produtos semiacabados ou em processo, além de relacioná-los às estruturas de lista de materiais de seus respectivos produtos acabados. Vamos às indagações:
Analise, dentro da etapa de montagem do seu produto final, se existe um ou mais produtos que não são comprados e que são utilizados na composição do produto acabado. Caso sua empresa precise produzir de antemão algum item utilizado na montagem do seu item de venda, este é um forte sinal de que sua empresa possui produtos semiacabados ou em processo em sua estrutura de lista de materiais.
Após verificar se existem itens utilizados na montagem do produto acabado que são comprados, precisamos verificar se os mesmos podem ser fabricados simultaneamente. Caso tenhamos itens fabricados que podem ser operados simultaneamente e que se “juntam” ao final do processo para formar o produto acabado, também é um forte indício da necessidade de cadastrarmos produtos semiacabados no sistema.
Se os produtos identificados no item 1 possuem unidade de medida diferente do produto final ao qual este compõe, este é mais um ponto a favor na criação de semiacabados. Imagine, por exemplo, uma empresa que fabrica sacos plásticos e que a unidade de medida de seu produto acabado é fardo.
Este fardo de saco plástico consome uma bobina de plástico, controlada por Kg. Note que as unidades de medida são diferentes (Saco plástico = Fardo e Bobina = Kg). Quando isto ocorre, também precisamos abrir ordens de produção, ter roteiros e listas diferentes para representar o semiacabado e o produto acabado.
Caso a sua empresa tenha uma lista de materiais específica, utilizada para relacionar os materiais consumidos apenas por estes itens fabricados e utilizados na montagem do produto acabado, está é uma prova quase que irrefutável de que o cadastro de semiacabados e a sua parametrização no sistema serão necessários.
Assim como no item 4, se a sua empresa possui também um roteiro de produção específico para a fabricação deste produtos consumidos na montagem do produto acabado, é mais uma prova de que o cadastro dos semiacabados será de suma importância para o sucesso no gerenciamento da produção.
Este item 6 acaba trabalhando quase que obrigatoriamente com a resposta afirmativa dos itens 3, 4 e 5 do questionário. Caso seja necessário o controle desses produtos fabricados em unidades de medida diferentes do produto acabado (não obrigatoriamente, porém, com unidades diferentes já é um indicador fortíssimo de que é um semiacabado), lista de materiais e roteiros de produção configurados especificamente para a fabricação dos mesmos, necessariamente, ordens de produção precisam ser disparadas independente da ordem do produto acabado.
Desta forma, conseguimos medir tempos de produção, eficiência de materiais e custos de produção destes semiacabados.
Essa resposta acaba sendo uma consequência da resposta positiva de uma ou mais perguntas relacionadas neste post. A necessidade de controlar estoque, lote, série, custos, ou quaisquer outras informações vinculadas ao estoque e armazenamento destes produtos fabricados e utilizados na montagem do produto acabado, caracterizam-no como um semiacabado e o seu cadastro no sistema torna-se importantíssimo para os controles produtivos da sua fábrica. Por isso, veja 5 dicas para um controle de estoque eficiente.
Como dito no início do artigo, para o Bloco K, a caracterização de semiacabados e suas respectivas listas não serão obrigatórias no preenchimento do registro 0210, que é a lista de materiais no SPED. Porém, não podemos apenas pensar por este aspecto, pois a utilização de produtos semiacabados é importantíssima para diversos controles da fábrica, incluindo o controle de estoque que vai gerar o registro K200 com mais precisão e por isso não pode ser deixada de lado, nem configurada de qualquer maneira.
Precisamos ter bastante atenção e conhecimento de nossos sistemas produtivos, além de todos os controles que este nos impõe para que assim não erremos na identificação e na parametrização dos semiacabados. O Nomus ERP Industrial pode ajudar você na parametrização e controle de estoque de seus produtos semiacabados. Veja nesta apresentação como isso é possível.
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