Cadeia de valor: o que é, atividades e como fazer


Atualizado em 29/11/22 - Escrito por Thiago Leão na(s) categoria(s): Processos e Organização

Administração da produção

Uma cadeia de valor é a combinação de atividades que uma empresa realiza para mover um produto ou serviço ao longo de seu ciclo de vida, incluindo design, marketing, distribuição e suporte ao cliente.

Ao compreender cada estágio da cadeia, a organização é capaz de visualizar de forma ampla todo o seu operacional e realizar as mudanças necessárias. 

Dessa forma, o objetivo final, que é a criação de valor, principalmente em forma de lucro, é atingido. 

Neste post você vai entender como a cadeia de valor pode ajudar a tornar a sua indústria muito mais produtiva, estratégica e competitiva. 

Acompanhe!

O que é cadeia de valor?

Uma cadeia de valor documenta, em detalhes, as várias etapas existentes para levar um produto desde o conceito até a distribuição. Isso inclui trabalhadores de todos os departamentos, desde o marketing até o recursos humanos.

Essa análise tem o objetivo de agregar valor em cada estágio operacional para que você possa entregar um produto mais forte, impressionar os clientes e assim, gerar mais lucro. 

Isso é possível porque ao identificar as atividades que compõem suas cadeias de valor, é possível se concentrar em encontrar práticas mais acessíveis e que aumente a lucratividade.

Cadeia de Valor de Porter

Na década de 1980, Michael Porter introduziu uma técnica conhecida como análise da cadeia de valor, que desde então se tornou uma ferramenta muito útil para as empresas obterem vantagem competitiva. 

A análise da cadeia de valor foca nas atividades internas de um negócio para compreender os custos e entender como diferentes atividades podem agregar valor ao seu produto. 

O diagnóstico de Porter descreve as atividades comuns a todos os negócios e as divide em atividades primárias e de suporte, como demonstrado a seguir.

As atividades primárias contribuem diretamente para a criação de um produto, incluindo:

  • Logística de entrada: coleta e armazenamento de dados de estoque e mercado;
  • Operações: criação de produtos a partir de matérias-primas;
  • Logística de saída: distribuição das mercadorias aos clientes;
  • Marketing e vendas: promove e anuncia produtos para consumidores em potencial;
  • Serviços pós-venda: diz respeito ao treinamento de representantes de atendimento ao cliente.

Já as atividades de suporte apoiam as ações primárias para criar um produto. Alguns exemplos são:

  • Infraestrutura: área jurídica, gerência geral, administrativa, contábil, financeira, relações públicas e garantia de qualidade;
  • Gestão de equipes: envolve todo o capital humano. Isso inclui funções como contratação, treinamento, construção e manutenção de uma cultura organizacional;
  • Desenvolvimento de tecnologia; atividades como pesquisa e desenvolvimento, gerenciamento de TI e segurança cibernética que constroem e mantêm o uso de tecnologia de uma organização;
  • Aquisição de materiais: encontrar novos fornecedores e manter um relacionamento com eles, negociar preços e outras atividades relacionadas.

Essas atividades são cruciais para o sucesso das atividades primárias. Por exemplo, sem design de produto e pesquisa de mercado, uma empresa não poderia comercializar e vender um produto com sucesso.

E ainda segundo a cadeia de valor de Porter, há duas formas principais que uma indústria pode utilizar a análise para elevar seus lucros:

  • Liderança de custos: simplificando processos e reduzindo o investimento na produção. Dessa forma, a empresa ganha competitividade de preço perante os concorrentes;
  • Diferenciação competitiva: oferecendo um produto ou serviço de alto valor, o que permite um aumento no preço. 

Benefícios da cadeia de valor

Identificar a cadeia de valor é essencial para entender a margem de lucro e a margem operacional do seu negócio. E para que você possa garantir que o mínimo de entrada leve ao maior resultado. 

Além desses, há outros benefícios como:

1- Identificar e reestruturar processos sem valor agregado

Todos os processos operacionais da empresa precisam gerar valor. Ou seja, se alguma etapa não estiver gerando lucros o suficiente, é preciso reestruturá-la.

Mas, antes de começar a repensar a forma como as atividades são realizadas hoje, é preciso antes identificar esses pontos de melhoria. 

Com uma cadeia de valor bem estruturada, é possível ter uma visão bem detalhada dos processos internos e de como eles estão ligados. 

Dessa forma, se torna muito mais claro quais mudanças precisam ser efetuadas e onde.  

2- Potencializar processos responsáveis pela geração de valor

Além de detectar o que não anda bem na empresa, é preciso dar atenção também às etapas que já geram valor ao cliente.

Esses estágios podem ser ainda mais potencializados com novas tecnologias, métodos, incentivos e capacitação para que entreguem ainda mais qualidade ao consumidor final.

3- Auxiliar no planejamento estratégico

A cadeia de valor também é uma ferramenta importante para o planejamento estratégico de uma indústria. Afinal, ao realizar um check-up completo e indicar tudo o que pode ser aprimorado, fica mais fácil determinar quais caminhos a empresa deve seguir.

E, ao entender toda a engrenagem da sua empresa, é possível complementar a estratégia de forma mais assertiva, com informações sobre setores que necessitam de mais investimento ou reestruturação.

4- Otimizar e agilizar a execução das demandas

Ao traçar um mapa do fluxo de trabalho da sua empresa também é possível avaliar se há processos que podem ser otimizados com o objetivo de aumentar a produtividade.

É um insight valioso que detecta atividades repetitivas, ações padronizadas ou métodos que atrasam a operação. 

Como colocar em prática a cadeia de valor de Porter?

Para identificar e compreender a cadeia de valor da sua empresa, siga esses passos:

Passo 1: Identificar as subatividades para cada atividade principal

Para cada atividade principal, determine quais subatividades específicas criam valor. 

Existem três tipos diferentes de subatividades: diretas, indiretas e de garantia de qualidade, onde:

As atividades diretas criam valor por si mesmas. Por exemplo, na atividade de marketing e vendas de uma fábrica de calçados, as subatividades diretas incluem publicidade, vendas on-line e reuniões com lojas.

Já as atividades indiretas permitem que as atividades diretas funcionem sem problemas. 

No exemplo, as subatividades indiretas incluem gerenciar a força de vendas e manter registros de clientes.

As atividades de garantia de qualidade garantem que as atividades diretas e indiretas atendam aos padrões necessários. Ou seja, seria o controle de qualidade dos calçados vendidos.

Passo 2:  Identificar as subatividades para cada atividade secundária

Lembra que mencionamos as atividades secundárias no tópico sobre valor de cadeia de Porter? 

Então, nessa etapa é preciso determinar as subatividades que criam valor dentro de cada atividade secundária. 

Por exemplo, identifique como os recursos humanos agregam valor às operações e logísticas de entrada e saída, e assim por diante

Depois, identifique aquelas que geram valor para a infraestrutura do seu negócio.

Passo 3:  Identificar as conexões

Encontre as conexões entre todas as atividades de valor que você identificou. Determinar esses elos é fundamental para aumentar a vantagem competitiva da estrutura da cadeia de valor. 

Por exemplo, há um vínculo entre o tempo de entrega dos pedidos e as reclamações de clientes frustrados que aguardam as entregas.

Passo 4:  Procurar oportunidades para aumentar o valor

Revise cada uma das subatividades e conexões que você identificou e pense em como você pode alterá-los ou aprimorá-los para maximizar o valor que você oferece interna e externamente.

Como realizar a análise da cadeia de valor?

Como mencionamos, a análise de cadeia de valor também pode ser realizada de duas outras formas: com foco na vantagem competitiva de custo ou de diferenciação. Confira a seguir:

Vantagem competitiva de custo

Nesta abordagem, o objetivo é entender quais são os custos atuais e como eles influenciam na sua vantagem ou desvantagem em relação aos preços dos concorrentes. Para isso, é preciso seguir estes passos:

  • Identificar as atividades primárias;
  • Especificar quais são as ações de apoio;
  • Determinar a importância que cada atividade possui no custo total do produto ou serviço;
  • Verificar quais fatores geram custo para cada atividade;
  • Encontrar os elos de ligação;
  • Identificar oportunidades de redução de custos.

Vantagem competitiva de diferenciação

Já essa abordagem é ideal para empresas que desejam criar produtos diferenciados e de alto valor no mercado. Para isso, são essas as etapas:

  • Identificar quais são as atividades que podem criar valor para os clientes (matéria-prima, estratégia de marketing, dentre outros);
  • Qualificar as estratégias de diferenciação que podem ser utilizadas (customização, atendimento personalizado, etc);
  • Avaliar qual diferenciação é mais sustentável levando em conta sua operação e os custos envolvidos.

Cada estratégia tem um foco diferente e depende do posicionamento da empresa perante o mercado e da sua concorrência. Por isso, além de levar em conta os objetivos e planos da indústria, realizar uma análise SWOT também é fundamental para definir o melhor plano de ação.

Exemplos de análise de cadeia de valor

A conclusão de uma análise da cadeia de valor permite que as empresas examinem suas atividades e encontrem oportunidades competitivas. 

Confira alguns exemplos:

Exemplo 1: Mc Donald’s

Por exemplo, a missão do McDonald’s é fornecer aos clientes alimentos de baixo preço. A análise ajudou o McDonald’s a identificar áreas de melhoria e atividades que agregam valor a seus produtos e serviços, seguindo sua estratégia de liderança em custos.

Já vimos na teoria como essa estratégia funciona, agora vamos ver como o McDonald’s a colocou em prática:

Atividades primárias

Logística de entrada: o McDonald’s tem fornecedores pré-selecionados e de baixo custo para as matérias-primas de seus alimentos e bebidas. A empresa possui fornecedores para itens como vegetais, carne e café.

Operações: o negócio é uma franquia e cada local do McDonald ‘s é de propriedade de um franqueado. Existem mais de 35 mil McDonald’s em todo o mundo.

Logística de saída: em vez de restaurantes formais, o McDonald’s tem restaurantes que se concentram em serviços de balcão, autoatendimento e drive-thru.

Marketing e Vendas: suas estratégias de marketing se concentram em mídia e publicidade impressa, televisiva e mídias sociais, com anúncios em revistas, outdoors e comerciais, entre outros.

Serviços: o McDonald ‘s se esforça para obter um atendimento ao cliente de alta qualidade. A organização oferece a seus milhares de funcionários treinamento e uma série de benefícios para que possam atender melhor seus clientes.

Atividades de apoio

Infraestrutura da empresa: A corporação do McDonald’s tem executivos de nível C e presidentes de zona que supervisionam as operações da empresa em várias regiões, com um conselheiro geral supervisionando assuntos legais.

Gestão de Recursos Humanos: mantém uma página de carreira onde os candidatos a vagas podem se candidatar a funções corporativas e de restaurantes. Além disso, a empresa promove seu programa de assistência escolar para atrair talentos.

Desenvolvimento de Tecnologia: o restaurante investiu em quiosques com tecnologia touch para facilitar os pedidos e aumentar a eficiência operacional.

Compras: a empresa usa a Jaggaer, uma empresa de compras digitais, para estabelecer relacionamentos com os principais fornecedores em várias regiões do mundo.

Concentrar seu modelo de operação em fast-food ao invés de restaurantes, e fornecer a opção de autoatendimento reduzindo o número de funcionários são duas ações que permitiram o corte de gastos.

Por outro lado, a excelência no atendimento ao cliente é alcançada em todas as suas franquias devido ao seu programa de treinamentos e benefícios aos funcionários.

Ou seja, o corte de gastos não influenciou na qualidade do atendimento, pois os custos eliminados não possuíam ligação direta com a experiência do consumidor.

Exemplo 2: Supermercado comum

Atividades primárias

  • Logística de entrada: custo muito baixo em 2%.
  • Funcionamento: 9h às 21h, sete dias por semana.
  • Logística de saída: forte presença de centros de distribuição.
  • Marketing/vendas: preços baixos todos os dias.
  • Serviço: respostas rápidas, política de devolução sem perguntas.

Atividades secundárias

  • Infraestrutura de negócios: mais de 400 caminhões, lojas em pequenas cidades.
  • Gestão de recursos humanos: gestão de topo na loja, incentivos e participação nos lucros para os funcionários.
  • Desenvolvimento de tecnologia: sistema de distribuição cross-docking.
  • Compras: forte poder de barganha com fornecedores, nenhum fornecedor responde por mais de 2,8% do total de compras.

Com base em custos baixos (logística de entrada e serviço), longas horas (operações) e grandes quantidades de distribuição (compras e logística de saída), podemos olhar para este exemplo do ponto de vista da vantagem de custo. Isso significa que estamos procurando por uma estratégia de liderança de custos.

Então, o que o supermercado poderia fazer para aumentar sua margem de lucro?

Vamos dar uma olhada em nossa atividade primária de serviço. Devoluções sem perguntas é uma política que agrega muito valor ao cliente e credibilidade da marca, mas que custa às empresas de produção em massa uma quantia significativa de dinheiro.

Como estamos olhando para essa empresa do ponto de vista da vantagem de custo, pode valer a pena para o supermercado reexaminar a política de devolução.

Os supermercados carregam alguns itens que podem ser reaproveitados e outros que perdem valor na venda (por exemplo, hortifrutis). Manter a política de reembolso, mas limitá-la a não perecíveis, reduz as perdas e aumenta a margem de lucro, ao mesmo tempo em que permite alguns reembolsos (mantendo a credibilidade da marca).

Nesse post você pôde entender melhor o que é a cadeia de valor e como ela pode ajudar no crescimento do seu negócio.

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