Atualizado em 19/03/24 - Escrito por Leonardo Souza na(s) categoria(s): Processos e Organização
Mesmo com todo o avanço tecnológico percebido nas diversas aplicações empresariais, ainda permanece a importância da análise puramente crítica e visual dos gestores, líderes e pessoal da operação, com respeito às atividades que são desenvolvidas nas empresas.
Vejo que tal prática não será substituída tão cedo, dada a contribuição enriquecedora que uma boa verificação de “como estão as coisas”, proporciona aos negócios.
Pois bem, apresentarei neste artigo e no próximo, as principais ferramentas que podem, e em muito, auxiliar os gestores e outros tomadores de decisão, a analisarem as operações e os processos de suas indústrias. Mas antes, cabe destacar a importância dessa tarefa.
Esse exercício é justificável por várias razões. Abaixo estão as principais:
Para facilitar a compreensão da temática, fiz uma divisão entre processos e operações, conforme o ponto de vista de Shingo (1996), um dos grandes responsáveis pelo Sistema Toyota de Produção, também denominado, Lean Manufacturing. Na visão de Shingo, seja nas fábricas ou em escritórios, toda a produção deve ser entendida como uma rede funcional de processos e operações.
Os processos transformam matérias primas em produtos semiacabados ou acabados, correspondendo ao fluxo de materiais no espaço e no tempo. As operações são vistas como o trabalho realizado para efetivar essa transformação, entendendo-se como a interação do fluxo de equipamento e operadores no tempo e no espaço. Um exemplo pode ser o corte de eixo em um torno: o eixo é furado, desbastado e recebe o acabamento final. Essa sequência de transformações corresponde ao processo. O torno fura, desbasta e dá acabamento à superfície externa. Essas ações dizem respeito à operação.
Assim sendo, conforme palavras de Shingo, para realizar melhorias significativas no processo de produção, devemos distinguir o fluxo de produto (processo) do fluxo de trabalho (operação) e analisa-los separadamente. O mesmo autor ainda reforça que, para maximizar a eficiência da produção, deve-se analisar profundamente e melhorar o processo antes de tentar melhorar as operações.
Neste artigo o foco será a análise de processos, com ênfase nas formas de registro, ficando a análise de operações para a próxima publicação.
Tomando como base as recomendações de Barnes (1977), o sistema ou processo de execução de um trabalho deve ser estudado e investigado em sua forma mais abrangente, antes de qualquer análise minuciosa de uma operação específica. Para isso, deve-se utilizar ferramentas de registros de processos. Vamos a elas:
Também denominado de fluxograma de processo ou ainda gráfico de fluxo de processo, é um quadro de registro de operações que tem por finalidade facilitar a compreensão do trabalho, permitindo a análise de possíveis melhorias. O diagrama ou gráfico representa os diversos passos ou eventos que ocorrem durante a execução de uma tarefa específica, ou durante uma série de ações. Normalmente, se inicia com a entrada de matéria prima no processo produtivo, seguindo seu fluxo ao longo de todo o procedimento até a expedição. Conforme Barnes (1977), em 1947, a American Society of Mechanical Engineers (ASME) introduziu, como padrão, os cinco símbolos a seguir:
Pode ocorrer a combinação de dois símbolos quando estes descrevem uma operação conjunta, como por exemplo, uma operação combinada com inspeção:
Um formulário, como o descrito abaixo, deve ser elaborado para a execução desta técnica de registro. Cada linha do formulário deve ser preenchida com as informações acerca de uma única atividade: operação, transporte, inspeção, espera ou armazenamento. Importante também é coletar informações como tempo gasto em cada atividade, e distância percorrida. O objetivo é a visualização do comportamento do processo analisado, e a percepção do que no processo o torna ineficiente.
O diagrama pode ser utilizado para analisar as atividades do operador, assim como as operações de material, sendo que os dois não devem ser misturados. A aplicação do diagrama de fluxo de processo pode indicar a existência de operações que podem ser parcialmente ou totalmente eliminadas. Além disso, pode mostrar operações que podem ser combinadas, bem como apontar o melhor caminho de um material ao longo de um processo produtivo. O objetivo, segundo mostra Tálamo (2016) é sempre a redução de custos por meio da racionalização do uso de materiais e da mão de obra, e isso se dá pela eliminação ou redução de transportes e movimentos improdutivos, esperas, estoques, e outras atividades consumidores de tempo e recursos, mas que não adicionam valor. Segue um exemplo:
A representação do fluxograma de processo pode variar em função do fluxo linear das operações, dos setores, disposição das linhas, e por último do arranjo físico.
O mapofluxograma é a representação dos símbolos do gráfico de fluxo de processo, dispostos através dos centros de processamento de uma instalação produtiva. A rota do material, pessoa ou produto é desenhada por meio de linhas gráficas com indicação de sentido sobre a planta baixa em escala da instalação produtiva.
Lira (2020) apresenta alguns passos para elaboração do mapofluxograma:
Abaixo segue um exemplo de mapofluxograma implementado em uma pizzaria:
O objetivo é identificar atividades desnecessárias, que causam ineficiências, e que devem ser eliminadas, como por exemplo: transportes e esperas. Com todas essas informações coletadas, deve-se elaborar alternativas ao processo em análise, sempre objetivando o aumento da eficiência.
O mapeamento de fluxo de valor (MFV) se apresenta como uma das ferramentas da Manufatura Enxuta ou Sistema Toyota de Produção, e permite analisar todo o fluxo percorrido por determinado produto em uma planta.
O diferencial é que esta técnica considera a perspectiva do fluxo de valor, que, segundo Rother e Shook (2003), corresponde a toda ação (agregando valor ou não) necessária para trazer um produto por todos os fluxos essenciais a cada produto:
Um maior aprofundamento será feito em outra publicação. Segue abaixo um exemplo de MFV para estado atual e futuro:
Acima, uma figura representativa do estado atual de uma fabricante de paletes comerciais, e representado abaixo o estado futuro desse processo.
Em um mapeamento de fluxo de valor, são necessárias algumas etapas:
Eng. de Produção Leonardo de Paula Torres Souza – Consultor em Lean Manufacturing
Contato: 31 98891-6972
E-mail: [email protected]
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/leonardo-de-paula-torres-souza-5022a159/
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