Atualizado em 11/11/20 - Escrito por Eduardo Moura na(s) categoria(s): Gestão de projetos / Processos e Organização
“TRIPLICE RESTRIÇÃO: Me diga como me medes e te direi como vou me comportar”
Este talvez venha a ser o principal conceito que permeia o gerenciamento de projetos, ou até mesmo, a gestão de negócios como um todo. Ouso dizer, inclusive, que este conceito pode e deve ser explorado na vida pessoal também, mas este assunto fica para outro artigo.
Antes de começarmos qualquer empreendimento, é indispensável que tenhamos claro os resultados que pretendemos obter. Mas o que é necessário sabermos antes disso, é que precisamos ter algumas premissas claras que irão nortear nossas ações e principalmente irão nos conduzir adequadamente quando nos encontrarmos em uma “encruzilhada”.
O que se pretende dizer com isso é que existem três aspectos básicos que permeiam todas as nossas ações e estes devem ficar claros no início do projeto: qualidade, tempo e custo. Os aspectos estão diretamente relacionados entre si, com causas e efeitos sobre cada um deles que os torna indissociáveis.
Neste momento, é importante pensarmos em alguma decisão prática que tivemos que tomar em nosso dia-a-dia em nossas indústrias. Intrinsecamente, por mais que não tenhamos pensado dessa forma, a decisão que tivemos que tomar estava relacionada a custo, tempo ou qualidade, mas não de forma isolada, este é o grande ponto de atenção. Ao optarmos por alguma decisão que nos levou a determinado resultado, acabamos invariavelmente afetando os outros aspectos que foram relegados ou até mesmo não foram priorizados.
Eis a importância de termos claro qual é nosso foco, sob pena de tomarmos decisões diárias que nos levem em sentido oposto aquele que é o principal objetivo da organização.
Em uma das maiores lições práticas que tive em gerenciamento de projetos, estávamos discutindo uma necessidade de mudança no cronograma para implantação de um sistema ERP. Na época eu era cliente e exigia a alocação de mais recursos por parte da empresa em que contratamos para podermos assim “acelerar” o cronograma.
A resposta do gerente de projetos do fornecedor foi a seguinte: “Numa gravidez, colocar três mães NÃO irá fazer com que a gravidez seja concluída em 3 meses”. Ou seja, o tempo nesse “projeto” é um requisito imutável e “mexer” nele, pode afetar diretamente os custos e principalmente a qualidade do projeto.
Esta situação, se explorada, (e aí que vale o momento de reflexão) acaba por se adaptar a todas as decisões que tomamos em nosso dia-a-dia, nossos projetos e tarefas.
Neste momento é crucial entender o mercado, saber o que a sua indústria precisa e o que de fato agrega valor ao seu negócio com o projeto a ser implantado. Esta leitura é crucial para apoiar o processo de ajuste de foco. De maneira prática, vamos explorar um pouco mais a situação relativa a um projeto de implantação de um sistema ERP.
É importante entender no início do projeto o que sua equipe espera e o que se pretende alcançar com a implantação. Um projeto em menor prazo acarreta invariavelmente em uma maior alocação de recursos, o que acaba gerando aumento de custos e também pode de alguma maneira afetar a qualidade final do projeto. Porém, essa pode ser uma escolha viável se, por exemplo, você estiver com a necessidade de cumprir alguma obrigação legal, como o Bloco K, e precisar efetivamente concluir a implantação de um ERP em um prazo previamente estipulado.
Outro aspecto importante desta forma de “pensar” diz respeito a antecipação dos riscos. Em gerenciamento de projetos, existe uma área (e pretendemos debater ela de forma especial ainda nesta série de artigos) que trata especificamente dos riscos.
Mas vale o destaque neste aspecto, pois no momento que você prioriza alguma determinada “variável”, você pode e deve pensar em ações que visem atenuar o impacto nas demais “áreas”.
No exemplo ainda da implantação do sistema ERP, priorizar o prazo, através da alocação de mais recursos, pode exigir que seja previsto uma etapa mais robusta de testes e validações para evitar que a qualidade final do projeto seja comprometida.
De maneira conclusiva, é importante destacar que devemos abdicar dos paradigmas e focar no que de fato entrega valor aos nossos clientes no momento de direcionar nossas ações.
Este tipo de atitude se torna ainda mais importante se considerarmos que estamos vivendo um momento de crise e que alocar devidamente os recursos é crucial em um momento de escassez deles.
O importante é entender que não existe escolha certa ou errada, ou seja, não é mais correto priorizar qualidade ou custo ou prazo. Qualquer um dos aspectos é relevante se ele entrega valor ao que a sua indústria procura e traz resultados para seu negócio.
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