Quais ideias as startups nos mostrarão daqui a 5 anos?
Atualizado em 29/09/23 - Escrito por Edson Ferro na(s) categoria(s): Produção
Recentemente fiz uma apresentação sobre “prospecção, MVP e validação”, a um grupo de novos candidatos ao empreendedorismo.
Era um grupo de pouco mais de 20 pessoas com ideias de negócios totalmente diferentes umas das outras, porém as ideias para as áreas que se propunham a atuar eram nada disruptivas, mesmo porque, eram as mesmas ideias que tenho visto e que são voltadas para educação, saúde, lazer, controles financeiros, mobilidade e alimentação.
Não que alguma delas não mostrasse uma forma evolutiva de tratar destes assuntos, mas para minha alegria, haviam 4 startups com foco na industrialização e automação de processos.
Por que fiquei contente?
Porque só vejo reais possibilidades de novas startups alcançarem sucesso, se criarem soluções tecnológicas para serem implantadas na indústria, comércio, distribuição e logística, entre outros.
A situação do mercado
O título escolhido para este artigo, mostra de forma clara a opinião que venho tendo há algum tempo, ou seja, prevejo um esgotamento de mercado para estas ideias focadas nas áreas ditas acima.
A enxurrada de comércio eletrônico, Market places e APPs voltados para facilitar determinadas dores do consumidor, fizeram com que novas ideias nada realizassem de diferente e consequentemente, não encontrassem público que pagasse para utilizar estas supostas facilidades.
Penso que inclusive, o alto percentual de empresas que fecham as portas antes de dois ou três anos, deve-se muito a esta questão de não encontrar consumidores para um produto que não resolve de fato o problema ou que sua usabilidade seja restrita e sem recorrência.
A indústria 4.0 e o Lean Manufacturing
Voltando ao assunto de “soluções tecnológicas para empresas de qualquer atividade”, fica claro que estou falando da “nova revolução industrial” que leva o nome de Industria 4.0.
Muito se fala na desindustrialização do Brasil e na necessidade de primeiro recuperar milhares de empresas que fecharam ou estão as portas da falência e depois incentivar a criação de novas fábricas.
Porém, isto será um trabalho árduo que cobrará muita perseverança dos empresários e uma boa dose de criatividade e mudança do “mindset”.
Grandes empresas em operação no nosso país já estão implantando soluções voltadas as práticas que traduzem a Industria 4.0.
Temos conhecimento que estas grandes indústrias já fazem uso da IoT, AI, e as técnicas da “lean manufacturing”.
Como tenho me concentrado em estudar mais sobre esta última, vou me deter um pouco mais neste assunto.
As técnicas da “lean manufaturing” tem como base o método TPS – Toyota Production System”, ou Sistema Toyota de Produção, criado há algumas décadas e constantemente aperfeiçoado e atualizado com técnicas inovadoras.
A metodologia abrange a implantação de 15 (quinze) técnicas que passam pelas mais conhecidas como:
Novo foco das PMEs e Startups
Falando mais diretamente as PMEs, é esta metodologia a qual me referi acima, que vem sendo implantada nas grandes empresas e precisa provocar o interesse nas médias e pequenas empresas brasileiras.
Elas precisam buscar nas startups, a criação e implantação de ferramentas de controles e integração dos departamentos.
Otimizar o fluxo de informações de máquinas e colaboradores, empodera e acelera as pessoas na tomada de decisões, uma vez que é possível obter informações precisas em tempo real.
Outro fator importante, diz respeito ao aumento do número de empresas que estão preferindo crescer fazendo uso da horizontalização.
Transferem boa parte das etapas de produção para terceiros.
A terceirização porém, traz uma maior necessidade de obter-se controles precisos, uma vez que as terceirizadas devem ser assistidas e supervisionadas para que não se permita atrasos, desperdícios e descontrole da qualidade.
Evoluir para se adequar ao mercado mundial
O método da “lean manufacturing”, busca eliminar retrabalhos, controlar eficazmente a qualidade, promover ganhos de escala, reduzir os custos e consequentemente ganhar força e poder de competitividade.
Como já é sabido, a competição não é mais apenas dentro do mercado nacional, mas sim internacional – quer seja para quem deseja exportar ou para quem não quer permitir que produtos de outros países entrem no Brasil e tomem o mercado que foi conquistado a duras penas.
Aliás, desnecessário dizer que é exatamente isso o que vem acontecendo nas últimas décadas com os produtos importados da China e dos demais países asiáticos.
O maior desafio para a implantação de um modelo central dentro do conceito Industria 4.0, está na mudança da mentalidade do empresário e principalmente na de seus comandados.
O receio de que quanto mais se automatiza um processo de trabalho, mais chance de substituição da mão de obra pela máquina, é algo que impede a implantação de novas tecnologias.
Atuar com cuidado na eliminação do “receio” dos colaboradores é a primeira grande tarefa a ser vencida.
Procurar ajuda externa de gestão de pessoas, capaz de educar o pessoal para o enfrentamento da nova realidade, irá mostrar que o medo do desemprego será vencido com o aprendizado do uso das novas tecnologias.
Este assunto é muito bem abordado no livro “How to implement Lean Manufacturing” , escrito por Lonnie Wilson, que é considerado um dos maiores professores nesta matéria, quando em um dos primeiros capítulos ele se dirige aos empresários para pedir muita paciência e perseverança na implantação e exemplifica da seguinte forma:
“Um pai que deseja que seu filho com 2 meses de idade se torne um grande jogador de futebol, não pode simplesmente coloca-lo em um gramado acreditando que ele irá dominar uma bola com maestria. Ele tem que saber que seu bebê primeiro terá que rastejar, gatinhar e andar; só depois é que ele irá correr, praticar e ganhar habilidade para jogar futebol”.
Chegou a hora de mudar
Muitos empresários de pequenas e médias empresas sabem que é preciso mudar e fazer uso das inovações que a tecnologia proporciona, mas muitos estão procrastinando suas decisões.
Como a metodologia da indústria 4.0 veio para ficar, recomendo aos empresários não esperarem mais.
Os novos empreendedores (startups) por sua vez, precisam voltar suas ideias para soluções que implementem técnicas inovadoras nas PMEs.
Acredito ser este o caminho certo para que todos, empreendedores atuais e novos, tornem-se realmente competitivos, escaláveis e lucrativos.
Este é o futuro!!!
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